domingo, 6 de maio de 2012

Pedagogizador x Intersubjetividade


Etapa 4 - AVA03 – D25-5_AVA03_LI

10/04/12 a 12/05/12


Pedagogizador – estilo de educação que se resume a instruir, reproduzir um tipo de conhecimento que não é relevante para as reais necessidades do aluno.


Intersubjetividade – entende-se a comunicação das consciências individuais, umas com outras, efetuando-se sob o fundo da reciprocidade.


A Teoria da Ação Comunicativa construída por Habermas pressupõe a linguagem como meio dos sujeitos trocarem atos da fala entre si e compreenderem o atual contexto em que vivem. Essa teoria pode ser entendida como a comunicação linguística, o diálogo sem coações externas; favorece uma perspectiva de construção de novas relações a partir de sujeitos autônomos e competentes, que são capazes de discutir e avaliar as regras sociais e, com isso, revitalizar a própria sociedade.

Para Habermas todos os membros da sociedade têm condições e direito de participar do diálogo necessário para repensar e reconstruir as leis que regem a sociedade.

Na visão dele, a filosofia deve ser a principal intérprete da tradição e da cultura, permitindo, por meio da comunicação, o entendimento mútuo e necessário voltado aos interesses da vida em sua totalidade.  

Enfim, o que Habermas sinaliza é a urgência de libertar o conhecimento de seu papel meramente reprodutor de decisões técnicas e monitoradas.

Assim, a ação comunicativa ou interação social, além de contribuir para um diagnóstico de nosso tempo, pode ser também um caminho interessante e produtivo. Mas para que isso aconteça, como observa Rezende, a ação comunicativa “...precisaria ser 'descomprimida' para que pudesse instaurar-se uma situação de fala não-deformada entre os homens” ( 1992, p. 218).

De que forma a Teoria da Ação Comunicativa proposta por Habermas pode contribuir para uma educação voltada para a emancipação dos sujeitos?

O modelo de conhecimento baseado na perspectiva da razão instrumental promoveu uma educação com estilo “pedagogizador”, que se resume a instruir, reproduzir um tipo de conhecimento que não é relevante para as reais necessidades do aluno.

A educação precisa estimular a potencialidade do aluno para que este exercite sua capacidade comunicativa; constituindo-se sob um novo discurso pautado pela transformação.

Mas, a educação, ainda caminha sob a sombra do modelo “pedagogizador”, uma vez que não basta somente mudar o discurso, é preciso efetivar os discursos mediante a ação comunicativa. No Brasil, os desafios são ainda maiores, porém contornáveis se forem adotados políticas educacionais adequadas.

Para inverter o modelo de educação pautado pelo estilo “pedagogizador”, torna-se necessário fazer propostas para uma educação mais consistente e comprometida com  uma  efetiva emancipação do sujeito. Dessa forma, acredita-se que uma prática pedagógica associada à Teoria da Ação Comunicativa proposta por Habermas pode contribuir para um pensar crítico em prol de uma educação voltada para a formação do sujeito emancipado, sensível e ético.

Um modelo de educação calcado na intersubjetividade é o mais apto para a construção de pessoas realmente esclarecidas, criativas e autônomas.

Ao falarmos de uma educação guiada pela intersubjetividade, temos em vista a valorização social, política, econômica e ética de uma reflexão sobre os rumos da educação na complexidade das sociedades contemporâneas. Nesse sentido, a tarefa da educação é desafiar essas complexidades mediante o agir comunicativo. A educação deve contribuir significativamente com o processo de desenvolvimento do aluno a partir da interpretação e análise crítica dos fenômenos culturais do seu cotidiano, levando-os ao exercício de uma prática de saber construtivo à sua vida.

Nesse processo interpretativo crítico, o educador e os educandos devem discutir aquilo que é pré-estabelecido como certo, errado, bom, ruim, melhor, pior. A escola deve levar em consideração as mudanças que ocorrem na sociedade, discutindo inclusive, o modelo técnico-científico pautado pela razão instrumental, no sentido de preparar o educando para lidar com os fenômenos que dele surgem, como por exemplo, a globalização, a crise econômica e a política de mercado.

Assim, a prática da intersubjetividade no campo da educação supera o modelo “pedagogizador” ao produzir indivíduos mais livres, autônomos, capazes de avaliar seus atos à luz dos acontecimentos, à luz das normas sociais legítimas e legitimadas pelos processos jurídicos e políticos, usando suas próprias cabeças, e tendo propósitos lúcidos e sinceros, abertos à crítica. 


Bibliografia

JARDIM, Borges Freitas. et al, 2011 – Filosofia da Educação.

3 comentários:

  1. O estilo “pedagogizador” limita-se a instruir, reproduzir conhecimento, aplicar técnicas ao aluno, tratado como objeto a ser conhecido e treinado. Este é o papel da escola na sociedade disciplinar de que fala Foucault. Já Habermas propõe um modelo calcado na intersubjetividade, mais apto a conduzir para a educação, entendida num sentido construtor de subjetividades emancipa-das, criativas, autônomas. Chamamos este modelo de “modelo educacional”.

    Fonte: redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ForazarDescargaArchivo.jsp

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  2. O Estilo "pedagogizador" faz pensar nas escolas técnicas que prepara o aluno para o mercado de trabalho ou então somente para serem empregado dos donos dos meios de produção. Não preparo o individuo para ser patrão ou vida. Esse indivíduo somente reproduz o capitalismo. Ai que está a Subjetividade que fala Habermas propõem um modelo construtor criativo a autono da educação, nós sabemos que não é verdade. Então ver-se que a educação reproduz a desigualdades, porque também se de pensar que o professor é parte integrante dessa desigualdade. Até mesmo aqui em Goiás que o professor é desvalorizado e desunidos, ou seja, reproduz mesmo o capitalismo imperante nesse mundo.

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  3. O estilo “pedagogizador” limita-se a instruir, reproduzir conhecimento, aplicar técnicas ao aluno, tratado como objeto a ser conhecido e treinado. Educar é produzir sujeitos capazes de linguagem e de ação, calcadas em razões e argumentações justificadas, legítimas, exigências fundamentais para atender às demandas sociais, culturais, econômicas e éticas da modernidade. No Brasil, os desafios são imensos, porém contornáveis mediante de políticas educacionais adequadas, cujo maior obstáculo é a escola “pedagogizadora”. Há certas transformações sociais que só ocorrerão por meio da educação construtora de sujeitos capazes e não apenas capacitados, autônomos e não apenas treinados, qualificados para a ação e não apenas para o exercício.

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